Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Para analisar os cartazes da candidatura de Nuno da Câmara Pereira à Câmara Municipal de Sintra e por se tratar de uma campanha com algo de emocional decidimos convidar uma apaixonada por Sintra e pela comunicação. Esta análise é da responsabilidade de Cátia Domingues. Esperemos que gostem. E que Sintram a diferença.
Sintra é o meu berço. Penso que é essa a razão que me faz ser mais sensível às eleições de Sintra do que às de Lisboa. É como se Sintra fosse um bebé perfeitinho e cheiroso, não é qualquer um que chega e pode ficar a tomar conta dele.
Por estar habituado às câmeras, já sabemos que o Nuno da Câmara Pereira tem muita telegenia. Mas agora as suas câmaras são outras.
O Partido da Nova Democracia é o partido patrocinador da sua candidatura à câmara municipal de Sintra.
À primeira vista pode não fazer muito sentido, dado que o candidato, e os membros da lista, não têm qualquer filiação partidária, e toda a gente está careca de saber que ele e o irmão andavam pelo PPM.
No entanto, na sessão de apresentação da sua candidatura, Nuno da Câmara Pereira explica, “não temos estrutura suficiente para a recolha de 4500 assinaturas”.
Ah. Certo.
Nota-se que este outdoor é de uma fase inicial da campanha.
Não desgosto da fotografia de banco de imagem, nem da pose solta do candidato. No entanto, percebe-se que não houve muita preocupação com a montagem dos elementos da imagem, nomeadamente no que diz respeito ao trabalho de luz.
“Sint(r)a a diferença com o Nuno”
Ok.
O recurso ao trocadilho já é mau, mas pior do que um trocadilho é explicarem esse mesmo trocadilho. Tipo, é para Sintra não é? Então, porque o Nuno quer mudar as coisas, vamos pôr: Sintra a diferença. E o melhor é que se retirarmos o ‘r’ a Sintra, fica o quê? Sinta! Sinta a diferença. BAM! Mas como é uma coisa extremamente inteligente, e por isso difícil de entender, vamos explicar, mesmo no outdoor, o trocadilho, dentro do trocadilho.
Se bem que compensaram este desastre ao fechar só com Nuno. Só Nuno. Aliás, Nuno da Câmara Pereira até é um bocado beto. E o Nuno está em casa. Toda a gente conhece o Nuno. Só Nuno é de amigo.
Gosto desta proximidade que tenta criar.
A partir daqui, o Nuno estraga tudo.
Neste sentimos, realmente, a diferença. O Nuno, que já é da Câmara Pereira, mas sem acento, prova aos cidadãos que realmente cumpre o que diz.
Na imagem, Nuno da Camara Pereira aparece a usar tons clarinhos, veraneios, mas com um ar que não encaixa muito bem na paisagem de final de tarde. Ar de quem foi à praia mas estava muito vento e teve de se vir embora mais cedo.
O ruído visual é tanto que uma pessoa não sabe o que ler primeiro.
O tipo de letra é do mais antiquado e sem personalidade, sem falar nos batentes que já não se usam desde a primeira dinastia.
E, por fim, novamente o magnífico trocadilho “Sintra a diferença!” (Mas já sem a explicação da piada, porque já deu mais que tempo suficiente para as pessoas perceberem). ‘Sintra’ a vermelho, porque o amor é assim, e uma cereja, em forma de ponto de exclamação, para lermos isto aos gritos.
O melhor disto tudo ainda é a estratégia da campanha, que é a de fazer menos promessas para gerar mais confiança das pessoas. O que é super arrojado.
Eu estou ansiosa para ler o programa da candidatura. Suspeito que será uma monofolha.
Finalmente, termina com o logo do PND e um X no canto inferior, caso alguém queira fechar a janela.
Esta segunda versão de outdoor segue a mesma linha de coerência (a visual, porque a intenção de ‘menos promessas’ ficou lá atrás):
Fotografia do candidato: Check
Trocadilho: Check.
Ruído visual: Check
O ‘X’ para fechar a janela: Check
E neste cartaz, repleto de batentes, o Nuno da Camara Pereira continua a usar a sinalética matemática para poupar nos caracteres.
Aqui o que muda é a paisagem, passamos para a vista nocturna do maravilhoso Palácio da Pena, porque o Nuno da Camara Pereira é um candidato que também conhece a noite. Não fosse ele mais conhecido como fadista.
Resumindo, a coisa que faz mais sentido nesta campanha é o facto do Nuno da Câmara Pereira ser assumidamente monárquico e, se há coisa que não falta em Sintra, são Palácios e Castelos.
Caso ganhe, sugiro que assine só com Nuno, o da Câmara.
Por estes dias Lisboa foi surpreendida com cartazes da Plataforma de Cidadania. O que à primeira vista parece mais um movimento independente no âmbito das autárquicas é apenas a junção de três partidos “pequenos”, o PPM, PPV (Pró-vida) e Nova Democracia. Os símbolos dos partidos até estão repetidos, mas são mesmo apenas os símbolos. Quem conhece percebe, quem não conhece será que se questiona?
Mais um cartaz que segue a mania das ondinhas (haja paciência) e um lettering banal para uma mensagem de ataque directo aos partidos “grandes”. Um cartaz com duas mensagens exclamativas (!), mas em que uma trata o eleitor por “você” e a outra por “tu”. Já se decidiam no tom. Depois outra indecisão, no “É a tua VEZ!”, porque raio a opção das maiúsculas no “VEZ”? Se era para seguir esta opção não faria mais sentido ter colocado as maiúsculas no “TUA”?. O cartaz tem um azul que chama a atenção, mas é um cartaz sem nexo.
Nestes cartazes é ainda de ressalvar que não houve cuidado na implementação das estruturas, pois depois dos buracos feitos para as estruturas deixaram as pedras amontoadas junto aos ferros. E há eleitores que não gostam. Para uma plataforma de cidadania, não está mal. Outra falta de cuidado é no cartaz colocado no Saldanha, onde a mensagem perde toda a eficácia por ficar tapada pelas folhas da árvore. Vá lá que não deram uma de jardineiros, depois da falta de jeito para calceteiros.