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O poder do Imagens de Campanha
Este é o quarto post sobre Cascais (os anteriores podem ser lidos aqui, aqui e aqui). O primeiro foi sobre a generalidade das campanhas e depois das segundas fases do PSD-CDS e do PS. Agora que estamos na recta final, saíram novos materiais, o que justifica o regresso ao Concelho.
E o que é que nos dá gozo? Ver que ou o “Imagens de Campanha” é um veículo poderoso (gaba-te cesto) ou que temos um poder de antevisão estratégica que é digno de louvor.
Passo a explicar: Na primeira análise disse que Carlos Carreiras errou ao não colocar nos cartazes a sua foto. E o que é que aconteceu? Carlos Carreiras não mais deixou de estar presente nos outdoors espalhados pelo Concelho.
Na minha última análise à segunda fase do PS questionei o ar sério do candidato e perguntei se não dava para dar um sorriso. Resultado? Nesta última fase de campanha eis que João Cordeiro surge com um sorriso (tímido, já ouvi comentar, mas sorriso)!
E se isto não é influência (uma vez mais – gaba-te cesto…), então não sei o que é influência!... Agora que já massajámos o ego, vamos lá aos comentários.
E comecemos pela nova imagem da coligação PSD-CDS. A foto do candidato é a mesma que já tinha sido analisada, pelo que não acrescento nada ao que já escrevi (dá uma imagem empática do candidato, optando por não o colocar de gravata e com um tímido sorriso). O arranjo gráfico é interessante, deixando respirar todos os elementos do cartaz e a manutenção da grafia utilizada mantém a coerência com a campanha do passado recente.
E depois surgem dois elementos novos: O “dia 29 contamos consigo”, uma forma inteligente de apelar ao voto sem ter que esperar pelo período de campanha oficial e o novo slogan.
Aqui é que a “porca torce o rabo”. Não percebo… É a primeira vez que vejo a utilização desta palavra em campanhas políticas e a inovação é de saudar. Mas confesso que consigo ler tantas coisas neste “Elevar Cascais” que não sei o que é que se quis dizer. Elevar a vila a cidade (não creio que seja uma vontade dos munícipes)? Elevar o discurso eleitoral (que até nem tem sido muito baixo para o que já vi por aí)? Elevar o Concelho a algo mais relevante no panorama nacional (volto a dizer que quando se é situação não se deve utilizar frases de oposição)? É tudo isto? Não é nada disto? Então não percebo…
No PS deixámos de dar destaque ao “Liderar” (que continua lá em formato de endereço do site da campanha) e arranjou-se uma forma também interessante de apelar ao voto antes do período de campanha oficial. Confiar nos eleitores é sinal de acreditar na democracia mas também é uma forma de dizer “fizemos o que podíamos e agora está nas suas mãos” (baixar de braços?).
Mas o mais interessante foi o destaque dado ao cabeça de lista para a Assembleia Municipal (figura pública) e, mais relevante para mim, o sorriso do candidato. Depois de uma campanha a afirmar a liderança pela seriedade, resolveu-se mostrar que a liderança também pode ser simpática.
Em relação ao movimento “Ser Cascais”, sobre o qual escrevi no meu primeiro post no “Imagens de Campanha”, parece que o dinheiro se esgotou na primeira leva de campanha (o que para um movimento independente é normal). Depois de uma fase em que se destacou (e só) a candidata à presidência da Câmara, em formatos 8x3, Smarts e afins, agora para uma série de palavras isoladas e que poderiam ter sido aleatoriamente retiradas de uma lista de chavões, têm que ir para pequenos formatos. Tudo bem, mantém a dignidade. Podiam é ter aproveitado para colocar mensagens verdadeiramente relevantes e que revelassem propostas da candidatura. Assim não me diz nada.
Concluindo e voltando ao início. É giro ver esta capacidade de antecipar a evolução das campanhas. Ou então, perceber o verdadeiro poder daqui do “Imagens de Campanha”…
Já por aqui fomos falando da importância da rede social Facebook nestas autárquicas. Os candidatos vêem nesta plataforma, que reúne já cerca de 5 milhões de contas portuguesas, uma excelente oportunidade de estarem em contacto com os seus eleitores e de angariarem mais simpatizantes. Apesar de muitos candidatos terem apostado nesta rede social contam-se pelos dedos aqueles que a estão a usar bem e a tirar o devido proveito da mesma.
Enviaram-nos as imagens abaixo e por ser uma situação insólita, a roçar o ridículo, não quisemos deixar de analisar.
João Cordeiro é o candidato pelo PS à Câmara Municipal de Cascais e apostou no Facebook. Carlos Carreiras é o candidato do PSD/CDS à mesma autarquia e também apostou nesta rede social (podem ver a análise das imagens das campanhas aqui).
Até aqui nada de inesperado...
Quando acedemos a uma página de Facebook existem um conjunto de métricas que são públicas para qualquer utilizador, como a cidade mais popular, isto é, a cidade comum a mais seguidores que estão a falar sobre a página, a interagir com a página (o Facebook considera que um novo seguidor faz parte das "pessoas que falam sobre isto").
A página de Carlos Carreiras, “Viva Cascais” tem como cidade mais popular “Cascais”. Isto é, o candidato concorre à Câmara de Cascais, os seus eleitores são de Cascais e é com eles que quer comunicar, logo faz todo o sentido que os seguidores angariados e as interacções sejam de/com pessoas de Cascais.
O que é surpreendente é o facto de a cidade mais popular da página da campanha de João Cordeiro, "Liderar Cascais", ser Istambul, na semana de 21 de agosto, Cidade do México, na semana passada, e Tunes, esta semana. Isto é, grande parte dos seguidores desta página estão nessas cidades. (Que cidade irá calhar na rifa na próxima semana?!)
O que poderia justificar esta situação: existirem muitos emigrantes portugueses nestas cidades, o que não é o caso; o candidato ter muitos amigos nestas cidades, o que também não acredito; existir uma página com nome semelhante nos países, levando os seguidores a fazerem gosto e a intergirem na página errada; terem comprado seguidores através de um qualquer website, ou seja, terem angariado seguidores apenas para “inglês ver”. Possivelmente existirão outras hipóteses mas de repente não me recordo de nenhuma.
Acho a situação no mínimo insólita e parece-me refletir um mau uso da rede social e uma exagerada valorização da quantidade em detrimento da qualidade.
Cartão vermelho para o candidato!
Nos últimos dias os hinos de campanha têm ganho elevada notoriedade, muito devido às adaptações que são feitas, seja de músicas dos Coldplay ou, e aqui eis o principal factor de virilização, de música popular portuguesa, a chamada música pimba.
Mas isto dos hinos é todo um mundo para explorar. E há também quem os tenha originais, criados especificamente para estas autárquicas. Tente imaginar uma letra e música de Tozé Brito com vozes como Ricardo Carriço, Mikael Solnado, Inês Herédia e Carlos “Carrera”, quer dizer, Carlos Carreiras. Sim, o actual presidente da Câmara de Cascais e agora candidato.
Eis o resultado.
Muito sizo, pouco riso?…
Já falei de Cascais aqui e aqui. Primeiro da generalidade das campanhas e depois da segunda (primeira melhorada?) fase do PSD. Volto ao Concelho para escrever sobre a segunda fase do PS.
A foto que temos é de um dos compromissos (Emprego) mas já vi outdoors sobre “valorizar as redes comunitárias” (Acção Social), “reorganizar a rede de transportes” (Mobilidade) e, creio, “dinamizar o comércio tradicional” (Comércio). São compromissos comuns nestas campanhas? Até admito que possam ser, mas acredito que sejam algumas das que interessam aos eleitores.
Depois de uma primeira fase de afirmação do candidato e da mensagem-chave, nesta nova fase de campanha surgem os compromissos eleitorais, mantendo, e bem, a coerência gráfica e a mensagem de “Liderança”.
O candidato aparece já em plano aproximado mas mantém o ar sério da fase anterior. Eu entendo a estratégia: Mostrar a seriedade, demonstrativa de “liderança”. Mas estive a ver as fotos na página da candidatura no Facebook. E João Cordeiro sorri. Com isso, mostra um lado mais simpático e próximo. Confesso que prefiro essa “face” à outra. Mas estratégia é estratégia e, pelo menos nesta campanha, é bom ver que existe uma.
Outras peças que já estão na rua são as das candidaturas do PS às Juntas de Freguesia. Temos fotos de duas e já vi mais uma (Cascais/Estoril – com aquela coisa que fica bem em qualquer boletim de voto “União das Freguesias de”…). E aqui não entendo.
Já percebi que não há uma mensagem obrigatória. Num sítio é “Liderar”, com a famosa “Paixão” (assim, com maiúscula para marcar a força da “paixão”) de Guterres, noutro é “Mudar o Futuro” e ainda noutro que já vi é um testamento em formato cartaz. João Cordeiro aparece em todos eles, o que reforça a ligação entre candidato à Câmara e candidatos às Juntas. Mas acaba aqui (e na cor) a ligação à campanha. O resto é desgarrado e, como são chavões eleitorais, não trazem valor acrescentado à campanha “principal”. À primeira vista não faz sentido nenhum, mas pode ser que me expliquem que até faz…
Dar a cara
No meu primeiro post para o “Imagens de Campanha”, falei sobre as campanhas para Cascais. Abordei todas as que já têm materiais na rua. Na altura disse que “considerando a história recente do município e o reconhecimento que os últimos dois presidentes tinham (Judas e Capucho), confesso que tenho algumas dúvidas da eficácia de uma imagem que não dê destaque ao candidato à presidência da câmara. Uma fase de pré-campanha autárquica serve para afirmar a notoriedade do candidato à câmara municipal e, na minha opinião, Carlos Carreiras precisava de afirmar-se ainda mais”.
Não sei se me precipitei, se os responsáveis da campanha leram o post (“gaba-te cesto”…) mas a verdade é que a coligação PSD/CDS-PP entendeu que também era necessário afirmar o candidato, dando-lhe uma maior notoriedade (isto num município onde as campanhas afirmam os seus candidatos nesta pré-campanha).
A foto é simpática, dá uma imagem empática do candidato (por oposição à seriedade e alguma formalidade do principal concorrente), optando por não o colocar de gravata e com um tímido sorriso (numa sondagem de alto valor científico - a minha mãe – foi-me dito que “a fotografia não o favorece, pois ele ao vivo é mais interessante”. Vale o que vale…).
Parece-me uma boa evolução de campanha, pois junta ao “colectivismo” da primeira fase a necessidade de aumentar a notoriedade e identificação do candidato.