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A capital do espumante (tinto…)
Já escrevi aqui sobre Anadia. Na altura apenas para falar do cartaz do PS, o único que nos então havia chegado. E já falei sobre o surgimento de uma lista independente que poderia dividir os votos do eleitorado do PSD, num concelho que tem sido um bastião deste partido (segundo informação recolhida desde 1976 que o PSD ganha as eleições autárquicas).
No entanto este é mais um daqueles concelhos com independentes ex-partidários. Então é assim: Litério Marques é presidente da Câmara e não pode recandidatar-se por limite de mandatos. Pelas informações que nos enviaram, já em 2009 os social-democratas haviam decidido que o candidato laranja seria o líder da concelhia, José Manuel Ribeiro, mas o principio da recandidatura natural dos presidentes de Câmara mandaram que Litério se recandidatasse.
Este ano José Manuel Ribeiro foi mesmo o escolhido. O que faz o ainda presidente? Decide criar o MIAP - Movimento Independente Anadia Primeiro. Depois de um secretismo inicial lá anunciou que Teresa Cardoso, a (até agora) vice-presidente de Litério, seria a candidata do ML (Movimento de Litério), perdão do MIAP. Mas como o, ainda, presidente, adora estas contendas políticas, eis que se apresenta como candidato à presidência da Câm…, perdão, da Assembleia Municipal (não sei onde ando com a cabeça…).
A divisão Social-democrata será a oportunidade para uma conquista há muito tentada pelo PS? A ver vamos. Por enquanto aqui ficam os cartazes por lá afixados (os que nos chegaram, pelo menos).
E começamos pelo cartaz da actual força detentora da CMA. Foto simpática, sorriso tímido mas aparentemente sincero, grafismo simples mas dinâmico (não, não vou falar das “ondas”, neste caso disfarçadas, já falei tanto das “ondas” que começo a ficar com enjoos) – não entendo aquele azul mas também não desgosto, identificação do candidato e um slogan. Este, que por norma não acharia nada de especial, se o entender como resposta aos “independentes”, então acho que foi muito bem conseguido. Se “o nosso partido é Anadia”, então “Anadia somos todos”. Simples mas eficaz.
Fundo cromático remetente para o partido (o que nem sempre se viu nestas eleições), um slogan que não diz nada (pelo menos isoladamente) – “juntos conseguimos”. Conseguimos o quê? Ganhar?... Hum… (Eu também gramo do velhinho de barbas brancas que aparece no Natal mas daí a acreditar que ele existe vai um passo muito grande…) E chegamos às fotos. “Tire o casaco para dar um ar mais jovem e dinâmico mas deixe ficar a gravata para transmitir seriedade” (estou mesmo a ver o fotógrafo a dizer – tratando por você que estamos no CDS e a coisa é a sério). O problema é que ficou nem carne, nem peixe. O que ajudado pela foto sem casaco nem gravata do candidato à Assembleia, piora todo o conjunto. Má escolha.
Sobre este já escrevi. Por isso aqui vai: “Nem uma palavrinha para a terra? É inovador (ou talvez não) mas parece-me excessivamente egocêntrico (nome e cara em GRANDE destaque) e pouco simpático para os munícipes. Em termos gráficos é um cartaz simples, a branco, onde o destaque se dá ao slogan e à foto. Eu não sou contra as “cabeças cortadas”. Mas neste caso, tendo em conta o que escrevi acima, parece-me que é uma manifestação do exercício de ego. “As pessoas contam…”? Pelos vistos sim. Umas mais que as outras e, de certeza, mais que o concelho…”. E mais não acrescento pois não me apetece escrever sobre as reticências no slogan que daria pano para mangas.
Tenho pena que o Movimento Independente não se chame “Movimento Independente Anadia Urgente”. Dava a sigla MIAU que era bem mais gira que a MIAP. Mas é um grande cartaz (8x3…). Anadia afirma-se como “a capital do espumante”. Mas deve ser espumante tinto, a julgar pela cor. É que se fosse a capital do tinto, estava perfeito. Senhores designers, gráficos ou apenas candidatos criativos, sabiam que há quem associe o roxo a cor fúnebre? Não? Temos pena, há mesmo.
Depois um slogan em grande: “O nosso partido é Anadia” (mas até ontem não era, pois não?...). Ainda bem que descobriram agora. Fico feliz por vocês. Mas vocês quem? É que fico a saber que existe um Movimento mas se não pesquisasse não saberia quem o compõe. O que vale é que a malta tem net e dá para ir aos endereços referidos no cartaz. São conhecidos porque estão na presidência da câmara? E porque não mostrar quem são? Ah… É aquela questão dos custos e mais não sei o quê… Pois. Eu não votava num Movimento tinto que não tem quem se apresente. São manias…
Resumindo: O PSD irá perder este concelho? Só dia 29 se saberá. Mas a julgar pelos materiais de rua, teria a minhas dúvidas.
E a terra, senhor? A terra…
Em 2009 o PSD venceu as eleições em Anadia com 57% dos votos. Mas o actual Presidente da Câmara atingiu o limite de mandatos e, contra a vontade do partido, lançou uma lista independente para Câmara e Assembleia Municipal, onde afirmou que estará presente. O PSD apresenta-se, assim, dividido na tentativa de liderar o município.
Aqui está uma oportunidade para o PS que apresenta Lino Pintado, líder da concelhia do partido e vereador. Até aqui tudo normal.
Mas agora, depois do Rodrigo o ter feito, vou revelar mais um segredo do Imagens de Campanha. A malta troca mails com cartazes de campanhas desse país autárquico, perguntando quem quer analisá-los, ou sugerindo a alguém que se “chegue à frente” e analise determinada campanha.
Foi o caso deste cartaz. Um dos autores enviou um mail “para a geral” mas a perguntar-me se estava interessado em analisar o cartaz em anexo. Eu, armado em solícito, disse que sim. Antes de ver o cartaz. Depois de o ver, devolvi o mail dizendo “eu faço, mas desculpa (sim, tratamo-nos por tu…) a ignorância autárquica, este cartaz é para se candidatar a que município?”.
Eu sei que uma campanha autárquica é para ser feita no município para o qual se concorre. E que, como tal, os munícipes sabem que aquele candidato está na corrida para presidente da Câmara Municipal do concelho. Ou seja, o público-alvo destas campanhas não tem as dúvidas que eu tive.
Mas daí a fazer uma cartaz de candidatura a uma Câmara Municipal sem dizer ao que se vai? Nem uma palavrinha para a terra? É inovador (ou talvez não) mas parece-me excessivamente egocêntrico (nome e cara em GRANDE destaque) e pouco simpático para os munícipes.
Em termos gráficos é um cartaz simples, a branco, onde o destaque se dá ao slogan e à foto. Eu não sou tão contra as “cabeças cortadas” como o Rodrigo. Mas neste caso, tendo em conta o que escrevi acima, parece-me que é uma manifestação do exercício de ego. “As pessoas contam…”? Pelos vistos sim. Umas mais que as outras e, de certeza, mais que o concelho…
Uma pequena nota: De todas os cartazes de 2013 analisados aqui no Imagens de Campanha apenas em três campanhas (contando com esta) não têm referência ao nome da terra. Curiosamente são as três do Partido Socialista. Será uma tendência de comunicação política? (E sim, fui ver todas, antes de escrever isto)