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Em Aveiro, concelho capital de distrito, deve ter sido interessante de acompanhar a campanha. Toda ela, ou seja, desde que as candidaturas começaram a ser faladas. O PSD e CDS, que em coligação governavam a autarquia desde 2005, com Élio Maia a presidir optam (uns dizem que por vontade própria outros por vontade do próprio presidente) por mudar e apostar em Ribau Esteves, um dos dinossauros que mudou de concelho e esteve na mira dos tribunais devido à novela da limitação de mandatos. Uma aposta arriscada, mas que veio a confirmar-se pelos eleitores como vitoriosa, mesmo com Élio Maia a ir a jogo como independente.
Dos cartazes que nos chegaram não há nenhum cartaz que numa primeira impressão prenda a vista. O PS com um cartaz bem conseguido, sem rasgo, que podemos incluir na categoria “limpinho, limpinho”. A candidatura independente com um cartaz demasiado simples. A CDU e o Bloco com um cartaz que serve em Aveiro como em qualquer outro concelho. No que diz respeito a Ribau Esteves é um cartaz que graficamente não me atrai e a opção de lettering é, digamos, algo datada. As muitas cores que surgem numa espécie de ondinhas aqui tanto criticadas acaba por ser uma opção interessante pois surgem em forma de moliceiro, um ex-libris de Aveiro, podendo criar empatia com o eleitorado.
A capital do espumante (tinto…)
Já escrevi aqui sobre Anadia. Na altura apenas para falar do cartaz do PS, o único que nos então havia chegado. E já falei sobre o surgimento de uma lista independente que poderia dividir os votos do eleitorado do PSD, num concelho que tem sido um bastião deste partido (segundo informação recolhida desde 1976 que o PSD ganha as eleições autárquicas).
No entanto este é mais um daqueles concelhos com independentes ex-partidários. Então é assim: Litério Marques é presidente da Câmara e não pode recandidatar-se por limite de mandatos. Pelas informações que nos enviaram, já em 2009 os social-democratas haviam decidido que o candidato laranja seria o líder da concelhia, José Manuel Ribeiro, mas o principio da recandidatura natural dos presidentes de Câmara mandaram que Litério se recandidatasse.
Este ano José Manuel Ribeiro foi mesmo o escolhido. O que faz o ainda presidente? Decide criar o MIAP - Movimento Independente Anadia Primeiro. Depois de um secretismo inicial lá anunciou que Teresa Cardoso, a (até agora) vice-presidente de Litério, seria a candidata do ML (Movimento de Litério), perdão do MIAP. Mas como o, ainda, presidente, adora estas contendas políticas, eis que se apresenta como candidato à presidência da Câm…, perdão, da Assembleia Municipal (não sei onde ando com a cabeça…).
A divisão Social-democrata será a oportunidade para uma conquista há muito tentada pelo PS? A ver vamos. Por enquanto aqui ficam os cartazes por lá afixados (os que nos chegaram, pelo menos).
E começamos pelo cartaz da actual força detentora da CMA. Foto simpática, sorriso tímido mas aparentemente sincero, grafismo simples mas dinâmico (não, não vou falar das “ondas”, neste caso disfarçadas, já falei tanto das “ondas” que começo a ficar com enjoos) – não entendo aquele azul mas também não desgosto, identificação do candidato e um slogan. Este, que por norma não acharia nada de especial, se o entender como resposta aos “independentes”, então acho que foi muito bem conseguido. Se “o nosso partido é Anadia”, então “Anadia somos todos”. Simples mas eficaz.
Fundo cromático remetente para o partido (o que nem sempre se viu nestas eleições), um slogan que não diz nada (pelo menos isoladamente) – “juntos conseguimos”. Conseguimos o quê? Ganhar?... Hum… (Eu também gramo do velhinho de barbas brancas que aparece no Natal mas daí a acreditar que ele existe vai um passo muito grande…) E chegamos às fotos. “Tire o casaco para dar um ar mais jovem e dinâmico mas deixe ficar a gravata para transmitir seriedade” (estou mesmo a ver o fotógrafo a dizer – tratando por você que estamos no CDS e a coisa é a sério). O problema é que ficou nem carne, nem peixe. O que ajudado pela foto sem casaco nem gravata do candidato à Assembleia, piora todo o conjunto. Má escolha.
Sobre este já escrevi. Por isso aqui vai: “Nem uma palavrinha para a terra? É inovador (ou talvez não) mas parece-me excessivamente egocêntrico (nome e cara em GRANDE destaque) e pouco simpático para os munícipes. Em termos gráficos é um cartaz simples, a branco, onde o destaque se dá ao slogan e à foto. Eu não sou contra as “cabeças cortadas”. Mas neste caso, tendo em conta o que escrevi acima, parece-me que é uma manifestação do exercício de ego. “As pessoas contam…”? Pelos vistos sim. Umas mais que as outras e, de certeza, mais que o concelho…”. E mais não acrescento pois não me apetece escrever sobre as reticências no slogan que daria pano para mangas.
Tenho pena que o Movimento Independente não se chame “Movimento Independente Anadia Urgente”. Dava a sigla MIAU que era bem mais gira que a MIAP. Mas é um grande cartaz (8x3…). Anadia afirma-se como “a capital do espumante”. Mas deve ser espumante tinto, a julgar pela cor. É que se fosse a capital do tinto, estava perfeito. Senhores designers, gráficos ou apenas candidatos criativos, sabiam que há quem associe o roxo a cor fúnebre? Não? Temos pena, há mesmo.
Depois um slogan em grande: “O nosso partido é Anadia” (mas até ontem não era, pois não?...). Ainda bem que descobriram agora. Fico feliz por vocês. Mas vocês quem? É que fico a saber que existe um Movimento mas se não pesquisasse não saberia quem o compõe. O que vale é que a malta tem net e dá para ir aos endereços referidos no cartaz. São conhecidos porque estão na presidência da câmara? E porque não mostrar quem são? Ah… É aquela questão dos custos e mais não sei o quê… Pois. Eu não votava num Movimento tinto que não tem quem se apresente. São manias…
Resumindo: O PSD irá perder este concelho? Só dia 29 se saberá. Mas a julgar pelos materiais de rua, teria a minhas dúvidas.
Para analisar política no Marco de Canaveses o nome de Avelino Ferreira Torres é incontornável. Quem está de fora dirá que pelos piores motivos, mas arrisco a dizer que mesmo para quem está por dentro, ou seja os marcoenses, a opinião é esmagadoramente a mesma.
Mas se pensar que Avelino Ferreira Torres deixou de ser presidente em 2005, concorrendo nesse ano a Amarante, pensa como se pode ainda hoje pensar no seu nome como alternativa credível. Mas a realidade não cansa de nos espantar. Pois bem ele volta em 2013, depois de em 2009 ter conseguido apenas 30% dos votos. Na altura avançou como independente. Este ano repete a dose, se bem que com o apoio encapotado do CDS que volta a não apresentar candidato, apesar de Avelino ser o actual presidente da concelhia. Percebeu? Eu não.
Mas deixemo-nos de viajar ao passado e centremo-nos no presente. E claro comecemos por Avelino Ferreira Torres e o seu cartaz.
Como se pode ver seguiu o mau exemplo de 2009, aqui e aqui e conseguiu fazer um cartaz confuso mas no seu estilo directo e sem papas na língua. O slogan até diria ser bom. Mas repare-se que a primeira referência é ao candidato, ou seja ele próprio. O ego é grande. “Marco Confiante com Ferreira Torres” é o nome do movimento que nos aparece em grande rodapé no cartaz. Cartaz esse que exibe 5 tipos de letra. Para não falar que Avelino é do tamanho da câmara, ou será que é maior do que ela? Pouco cuidado gráfico portanto numa ideia que até mantem coerência com a mensagem.
Passemos a outro independente.
Agora este desavindo do PS Artur Melo. Em 2009 foi o candidato do PS mas sem grandes resultados. Volta em 2013 como independente. E deveria ter adiado para 2017 pelo menos para ter tempo e fazer um cartaz em condições. “Que seja agora”. Que é isto? Que vai acontecer e que não aconteceu? Medo. E depois Marco Positivo? Que seja agora marco positivo? Parece-me uma ideia mal concebida, que ainda foi piorada com a utilização das cores. E Artur Melo não sai beneficiado na fotografia, apesar da ideia do rio douro por fundo ser interessante, mas claramente o conjunto é pobre. Parece que em 2009 não ouviu.
E chegados ao PS a confusão então é enorme.
A primeira impressão que temos é que estamos perante uma barreira num jogo de futebol. Sim, com as mãozinhas a proteger as partes baixas. Mas eis que temos um que se baldou e colocou as mãos nos bolsos. Afinal em que ficamos? São uma equipa ou não? E depois temos uma dificuldade enorme em perceber quem é quem. A senhora chama-se Amador Moreira? Isto se fizermos leitura seguida da primeira fila. Ou então Tiago Moreira se optarmos por ler de forma diferente. E que aconteceu à regra das proporções? À senhora já não lhe bastava a questão do nome ainda a mingam? Bem passemos ao slogan, que não é mau de todo, mas dá a ideia de que existe muita coisa boa. São honestos o que na política até pode ser uma virtude, mas num cartaz acaba por ter pouca chama. E seguramente o que faz falta é o PS contratar alguém da área do design.
E chegamos ao actual Presidente e recandidato Manuel Moreira do PSD.
É claramente o melhor dos cartazes mas ainda assim atrevia-me a sugerir umas alterações. Não recorre às ondinhas que tanto irritam os escribas desta casa, mas diria que ainda assim a escolha daqueles triângulos, isósceles e outras variáveis, de várias cores eram dispensáveis. Mas esta segue a linha do cartaz de 2009. Dele e do Vital Moreira. Confusos? Veja aqui. Quanto ao resto, tem a vantagem de ser o presidente e soube usá-la quer no slogan principal, “Continuar a mudança” , quer quanto à sua identificação “com Manuel Moreira o nosso presidente”. Dispensável a tentativa de dar um toque pessoal, como se escrito à mão pelo próprio, no “com”. E a fonte usada é um pouco agressiva. A foto é boa, com um ar meio sorridente meio intimista. No computo geral é positivo mas não escapava de oral.
Já aqui fiz a análise sobre St Tirso, tendo na altura apenas abordado o PS
Agora a análise será mais abrangente. Comecemos então pela CDU.
Desconheço se a CDU apostou em formatos maiores, mas os seus resultados habituais não dá para muitas extravagâncias. Mas este formato permite aos comunistas espalhar a sua imagem por vários cantos e a baixo custo. E não há muito a dizer. Eles são iguais em todo o lado, ou não fosse a velha cassete comunista a funcionar.
Saltemos então para a surpresa de última hora nas eleições tirsenses.
Henrique Pinheiro que se apresenta como independente e apenas na candidatura à câmara e assembleia municipal. Era um histórico do CDS mas aos poucos foi-se afastando. Presidente de Junta há 15 anos tem vida autárquica desde 1976. Um dinossauro. A sua candidatura nasce claramente de uma vontade popular e representa um perigo muito grande quer para o PS quer para o PSD. As 5.000 assinaturas recolhidas permitem-lhe pensar em ficar à frente do CDS e ser a terceira força política. Veremos se assim acontece, pois muitas são as vezes em que uma assinatura não representa um voto nas urnas. Não deve no entanto dar para eleger-se como vereador. Mas os seus votos podem fazer pender a balança ou para o PSD ou para o PS.
Mas vamos ao cartaz.
Uma boa foto, um sorriso conquistador dos eleitores, não tem ondas apesar de sentir que houve ali alguma tentação. Prá frente Santo Tirso é o nome do movimento, que eu teria apostado que fosse o slogan. Até porque o “Vida Nova” por baixo do nome do candidato parece que se refere a ele e não ao concelho de Santo Tirso que aparece por baixo. E também porque temos 4 níveis de mensagens, “Independente” (que eu teria deixado cair ou então faria parte de um slogan), o nome do candidato, a tal vida nova e por fim a referência ao concelho. Coisas a mais que poderiam ter sido simplificadas a duas. O cartaz perde por isso força o que é pena.
O do CDS começa por ser de difícil análise em virtude da foto que nos foi enviada.
Mas logo à partida temos que reconhecer que usaram uma estratégia completamente diferente quanto ao grafismo. Que diga-se é eficaz mas pouco criativa. Permite sem dúvida ter uma boa foto do candidato e o texto organizado, neste caso centrado e já está.
O slogan é bom, envolvente. E no final do cartaz o “claim” do CDS meio adaptado.
Um cartaz que não compromete mas que acaba por ser fraquito.
Vamos então ao seguinte:
O PSD tem logo duas pequenas particulares: a foto colocada do lado direito do cartaz e o nome do candidato que não sendo fácil nem comum pode levar por isso mesmo a uma boa memorização. Quanto ao aspecto gráfico não sou muito partidário da conjugação destas cores por um lado nem às ondinhas que subtilmente se ali vêem. O slogan é curto e procura também ele criar empatia e envolvente com os seus eleitores.
O do PS fica para último.
Fiquei contente e a explicação é simples. Os erros que referi no primeiro cartaz foram corrigidos. As letras ocupam mais espaço, a velinha e a criança ficaram na pasta do computador, e temos umas imagens de fundo que não atrapalham a leitura do cartaz. Diga-se que esta campanha de Joaquim Couto em Santo Tirso pede meças a muitas que se realizam em concelhos maiores e como tal supostamente com mais recursos financeiros. Ou talvez não. Em resumo um bom cartaz que lhe permite passar a mensagem.
Mais a mais que em Santo Tirso tem ainda outras placas com o seu nome.
Sabe onde? Não? Então volte ao cartaz do Independente Henrique Pinheiro.