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No Porto não há cor de partido mas pessoas... Desde 1976, o PS venceu 4 vezes as autárquicas, a AD, duas, PSD uma, e a coligação PPD- PSD-CDS/PP duas vezes, desde 2005 até então.
Essa coligação era liderada por Rui Rio, que atinge o limite de mandatos e vê assim o seu arqui-inimigo, Luís Filipe Menezes, concorrer à sua Câmara. Talvez chamar-lhe inimigo não seja o correcto, mas é sabido por todos que não nutrem grandes simpatias um pelo outro. Rui Rio afirmou já que não votará no seu colega de partido nestas autárquicas.
Luís Filipe Menezes, controversa figura da política portuguesa e ex-presidente da Câmara Municipal de Gaia, será o candidato pelo PSD e será a sua campanha que estará aqui em análise.
O Rodrigo Saraiva tinha já, num artigo para o Dinheiro Vivo (aqui), comentado esta campanha. Também as imagens do candidato do PS (aqui), BE (aqui), CDU (aqui) e o independente Rui Moreira (aqui e aqui), foram já analisadas.
Passemos à análise...
Um dos “pormenores” que facilmente nos salta à vista é a ausência da referência do partido (logótipo) e o afastamento da cor do PSD, tendo o candidato optado por um azul, associado à costa portuguesa e tranquilidade. O candidato acreditará que vale por si só, pela notoriedade já atingida e opta por não referenciar o partido pelo qual concorre. Nestas autárquicas isto é já uma tendência.
O lema da campanha “Porto Forte” tem grande destaque e poderá ser um trocadilho com “Ponto Forte”. O nome do candidato é também destacado e é visível que se pretende fazer valer pela sua pessoa.
A fotografia é adequada e o uso do skyline da cidade (também frequente em peças destas autárquicas) dão vida ao cartaz.
Para além disso, apenas temos a menção do website da campanha. Do ponto de vista gráfico está muito simples e penso que resulta bem.
Para além deste outdoor “geral”, a cidade está também adornada com vários outros outdoors desta campanha:
Estes outdoors têm um mood gráfico muito semelhante ao outdoor “geral”, onde figura Luís Filipe Menezes. Existe coerência gráfica e a menção do candidato está presente em todas as peças.
A grande diferença está na humanização destes cartazes, onde são colocados portuenses (ou pelo menos seria o presumível), bem como os seus desejos, aos quais o candidato está disposto a atender “Queremos justiça social”, “Queremos trabalhar e morar no Porto”,... Estes são cartazes que puxam várias temáticas e direccionados para vários públicos-alvo, como refletem as imagens. Estas parecem ser também críticas à actual gestão da Câmara do Porto...
Dos outdoors acima mencionados destaco o de “Queremos viver com segurança”, cuja fotografia, que reflete medo, me parece um tanto ou quanto exagerada, como se a senhora vivesse na cidade do México.
Para além desse, destaco ainda o último outdoor, “Queremos trabalhar e morar no Porto”.
Após uma rápida pesquisa facilmente percebemos que a imagem deste outdoor foi comprada num banco de imagens. Esta é uma prática frequente e tenho a certeza que grande parte dos leitores acharão normal. No entanto, acho que nesta situação não é adequado e deita por terra a intenção dos cartazes! Então quer humanizar com mensagens e rostos com que os eleitores se identifiquem e vai comprar as imagens onde figura uma família possivelmente americana, com ar caucasiano que nem sabe onde fica o Porto?
Acho triste que nem sequer tenham tirado 4 fotografias a portuenses, optando antes por famílias felizes à venda no Photosearch, com descrição “Caucasian family hugging”...