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Directos ao assunto: Setúbal é das autarquias mais importantes do mapa eleitoral. Sendo capital de distrito, é uma vitória que todos os partidos gostariam de ter no seu portefólio. Mas só o PS e PCP (duas vezes como APU e vai agora no terceiro mandato como CDU) se podem lograr disso.
O histórico deste concelho é interessante. Em 1976, nas primeiras autárquicas, vence o PS e depois em 1979, ano em que a segunda força política foi a AD, e 1982 ganha o PCP em versão APU. Em 1985 uma coligação PS e PSD apresenta como candidato o ex Governador Civil (de 1978 a 1985) Manuel da Mata Cáceres que vence e que seria reeleito mais 3 vezes, já só concorrendo pelo PS. Em 1989 ganha com maioria numa eleição em que PCP, para além do PEV, vai coligado com o PRD, tendo como cabeça de lista Odete Santos, sendo a única Câmara no distrito que não era presidida pelo PCP, facto que se repete em 1993. Em 1997 ganha pela última vez, sem maioria e em 2001 é fortemente derrotado nas urnas, quando o PCP, já em versão CDU “desloca” para Setúbal Carlos Sousa, que tinha presidido a vizinha Câmara de Palmela durante 7 anos. Carlos Sousa volta a encabeçar a vitória da CDU em 2005, ganhando sem maioria, e em 2006 é substituído pela actual presidente, Maria das Dores Meira, num processo em que o PCP lhe retirou confiança política. Relativamente às eleições de 2005 é ainda de destacar que a segunda força política foi o PSD, elegendo 3 vereadores, quando apresentou como candidato Fernando Negrão. Um capital totalmente desperdiçado quando Marques Mendes o convence a ser o candidato, copiosamente derrotado, nas eleições intercalares para a Câmara de Lisboa em 2007.
Chegados a 2013 temos a recandidatura da actual presidente (CDU); a coligação PSD/CDS apresenta o ex deputado Luis Rodrigues, com Nuno Magalhães como cabeça de lista à Assembleia Municipal; o Bloco de Esquerda lança Mariana Aiveca; e João Ribeiro, o porta-voz do PS, é o candidato deste partido, tendo a sua candidatura sido anunciada durante o último congresso do PS.
E neste primeiro post sobre Setúbal é na campanha de João Ribeiro que nos vamos focar e, mais uma vez, vou directo ao assunto: faltam dois meses para as eleições, muitos materiais e imagens de campanha irão surgir por esse país fora, mas arrisco já a dizer que esta primeira fase de campanha de João Ribeiro ficará no top das preferidas pela equipa do Imagens de Campanha.
E porquê? Pelas fotografias. Sim, pelas fotografias. As fotografias escolhidas para os vários cartazes que estão colocados por Setúbal. A opção de utilizar fotografias espontâneas merece o nosso aplauso. Claro que não é uma ciência exacta e há um cartaz que não gosto muito, mas no global esta opção foi um tiro certeiro.
Para além das mensagens, no geral é transmitida uma imagem de naturalidade e genuidade do candidato, duas características que granjeiam e constroem simpatia. E começo já pelo cartaz melhor conseguido.
Candidato a sorrir, no meio de pessoas e um slogan banal mas inclusivo. Passei por este cartaz e posso afirmar que o impacto é fantástico.
Neste o João Ribeiro parece quase esganado com o abraço que recebeu, mas a foto está feliz. O melhor do cartaz é o aproveitamento de um autocolante do Vitória de Setúbal e um slogan muito bem conseguido.
Aqui um cartaz onde o slogan já puxa por um tema de campanha e que é uma preocupação para muitas pessoas. E conjugado com mais uma boa foto, onde transmite o candidato a cumprimentar e ouvir as pessoas.
A ouvir as pessoas, com atenção, é também a opção deste cartaz. E mais uma vez, e aqui mais perceptível, o candidato com um caderno de apontamentos, que transmite uma pessoa atenta. Um slogan que demonstra ambição.
Este último é o que menos gosto. Este foi outro cartaz que vi na rua e quando passei por ele aquilo que me saltou à vista foi o dedo. E já diz o povo que apontar é feio. Neste mais uma vez a temática do emprego e com ligação a algo muito relevante para Setúbal a nível socioeconómico, o Sado.
Para além das fotografias e do slogan que acompanha cada uma delas, os cartazes têm ainda elementos comuns. O símbolo do PS, outro que mal se percebe, mas dá ali uma corzinha, das autárquicas e mais dois slogans. “Afirmar Setúbal”, que parece ser o claim da candidatura, e “Setúbal Decide”. Dois slogans que transmitem positivismo e inclusão. Não sou grande fã de ter dois slogans, como referi na análise ao PS em Mafra, mas aqui a força das fotografias é tanta que estes elementos, não deixando de cumprir bem o seu papel nos cartazes, ficam em lugar secundário.
Nos cartazes, embora seja o elemento menos visível, tem ainda um apelo de participação e visita ao facebook. Esta campanha está a apostar forte em plataformas digitais, com presença em muitas redes. Se o está a fazer bem é algo que a Virgínia nos dirá em outro post.
Já disse que estes cartazes estão bons? Estão mesmo.
Parabéns aos criativos (copy e design) e também ao fotógrafo, uma função e trabalho que normalmente passa despercebido em qualquer cartaz político, mas que nestes ganha ainda especial relevo.