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Chegados a 2013 e eis que se encontra uma aposta no fundo preto. Outra vez no PS, mas em outro concelho. Desta feita é em Almada, um bastião do PCP mas onde a lei de limitação de mandatos fará com que se veja a substituição de uma dinossaura autárquica. Não conheço em profundo a realidade autárquica de Almada, mas considerando esta saída de cena de uma carismática presidente, que já nas últimas eleições perdeu a maioria, talvez haja esperanças nas outras forças políticas, em especial no PS que lança na corrida um homem seu militante, mas também conhecido enquanto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada.
Joaquim Barbosa apresenta-se com o claim “Almada tem força”, um slogan interessante que demonstra o acreditar na terra e nas pessoas do concelho, e neste cartaz, embora não esteja em destaque pelo tamanho, com o jogo de cores, é uma mensagem que fica eminente. O cartaz serve claramente dizer “presente” e nesta fase fica clara uma estratégia de aposta forte na pessoa. É um cartaz que resulta muito bem na rua, através da conjugação de todos os elementos, nomeadamente o desenho do lado direito, sóbrio mas que dá um toque de tradição num cartaz arrojado. A opção do lettering é boa, dando força ao nome, que é o objectivo deste cartaz.
Santarém sempre foi considerado um bastião socialista, mas o PSD, através da candidatura de Francisco Moita Flores, surpreendeu em 2005 com uma vitória à justa e em 2009 arrasou. Assim que Moita Flores anunciou não ser recandidato em Santarém (será candidato em Oeiras e a análise da sua primeira fase de cartazes está para breve) o PS viu a oportunidade de reconquistar a autarquia e lançou na corrida Idália Serrão, um nome pesado, com percurso autárquico na terra (presidente de Junta e vereadora) e percurso político, tendo sido Secretária de Estado. Veremos se o eleitorado valoriza ou castiga este passado.
Peço desculpa pela fotografia, mas quase que parei no meio de uma rotunda para tirar a foto. Posso garantir que o impacto do cartaz ali na estrada é positivo, o jogo de cores chama a atenção.
Este é um cartaz que demonstra que muitas vezes a simplicidade e objectividade resultam muito bem. A fotografia da candidata ocupa praticamente metade do cartaz e depois “apenas” o nome da terra e o da candidata, com natural destaque para a terra, numa conjugação que tenta transmitir que a terra e a pessoa são sinónimos, uma ligação natural. O lettering pode ser algo old school, mas neste caso o resultado final é de um bom cartaz. É um cartaz cujo objectivo é marcar território e dizer “presente”.
Depois do Carlos ter aqui feito o enquadramento das eleições em Penafiel e analisado o cartaz do candidato da coligação PSD/CDS, olhemos agora para o cartaz do PS, que aposta num candidato jovem.
Assim de repente pergunto-me: o criativo e o designer são os mesmos?
Curiosamente o lettering é o mesmo. E igualmente singular é este cartaz ter os mesmos elementos do da candidatura oposta, ou seja: foto do candidato, slogan/claim (aqui mais virado para o futuro, em contraste com o candidato PSD/CDS que assume a continuidade), endereço site e logótipo (aqui assumidamente do partido).
Genericamente um bom cartaz, com os elementos bem colocados, bom jogo de cores e cumprindo a função de afirmar o candidato.
Mas … eis o primeiro cartaz que nos chega que entra na categoria “tira a mãozinha daí”. Esta tentativa de demonstrar um candidato preocupado e atento, com a mão no queixo, raramente resulta. Fica sempre a impressão de “olá meus queridos, sou jeitoso, não sou?”.
As eleições autárquicas em Penafiel foram mais interessantes antes do que o vão ser agora. E porquê? Pela luta de bastidores que antecederam a escolha de Antonino Sousa como candidato. Nos últimos 12 anos o concelho tem sido gerido pela coligação PSD/CDS. Em 2001 Alberto Santos “rouba” a câmara ao PS, vencendo com 50,32% e desde então a sua popularidade foi sempre a subir, chegando a 64% nas eleições de 2009. Um sucesso absoluto e que contraria a tese de que no terceiro mandato há por norma uma quebra de votação, como aliás já aqui referi. Desde a primeira hora que Antonino Sousa está na vereação, ocupando desde 2009 o lugar de vice-presidente da câmara. O seu trabalho foi muitas das vezes elogiado por Alberto Santos que o via como sucessor natural. Mas eis que surge o problema de Antonino ser militante do CDS, o que está bom de ver causou alguns amargos de boca ao PSD. Mas ultrapassada que está a questão, Antonino de Sousa é independente e é o candidato da coligação. A tarefa não é fácil, pelo menos se carregar nos ombros os resultados eleitorais do seu antecessor.
Mas vamos ao cartaz que é o que nos traz aqui.
A foto do candidato é boa. Antonino olha nos olhos os seus eleitores. Com confiança. Transmite também segurança e afectividade. O sorriso é qb. Nem um ar excessivo que pode sempre dar uma ideia errada de sobranceria, nem um ar carregado que demonstraria falta de confiança.
O slogan pretende fazer a ligação ao passado e à imagem de marca que lhe está associada. E claro que Antonino é uma continuidade. Acredito que haja mais fases na campanha e que venham a aparecer propostas concretas. Este é de posicionamento.
As letras arredondadas transmitem afectividade, envolvimento. Em linha com a foto do candidato.
Não gosto tanto das cores de fundo do cartaz, nem do efeito de marca de água no canto inferior direito. Considero mesmo desnecessário o tom acastanhado que aparece no canto esquerdo do cartaz.
E não gosto mesmo nada do símbolo. Mas o efeito de continuidade está aqui bem expresso, pois este foi o mesmo logo de Alberto Santos. Mas o efeito “enviesado” que procura transmitir acção e dinamismo acaba por dar um ar “kitsch” ao cartaz, tirar-lhe a dignidade e confiança que o candidato pretende transmitir. E claro que é curioso, ou talvez não, a ausência dos símbolos dos partidos. Antonino quer ser abrangente e claro que a colagem em demasia aos partidos que o sustentam pode penalizá-lo.
Em suma, um cartaz “redondo”, sem grandes arrojos mas que cumpre os objectivos minímos. 15 é a nota que lhe atribuo.