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Já recebi várias fotos dos cartazes de Paulo Cafôfo, candidato à Câmara Municipal do Funchal numa multicoligação. Confesso que uma das razões para ainda não ter feito esta análise é uma necessidade de maturação para me abstrair do nome. É assim, há nomes que têm, pela sua singularidade, uma força tremenda.
A revista Sábado, num interessante artigo da Maria Henrique Espada, pega neste tema. Uma leitura incontornável e recomendada para quem gosta de analisar as campanhas. Está nas páginas 54 e 55.
Antes de se iniciarem as autárquicas há um período bem mais animado e de noites com facas muito longas.
A escolha do PS em Santo Tirso não fugiu à regra e teve de tudo um pouco. E nele um triângulo pouco amoroso: Castro Fernandes, Ana Maria Ferreira e Joaquim Couto. O primeiro é o presidente em exercício que não se pode recandidatar; a segunda a preferida dele e o terceiro é o candidato do aparelho distrital do PS.
Para que se fique com uma ideia aqui fica um pequeno retrato de Joaquim Couto: presidente do município Tirsense entre 1982 e 1999, governador civil entre 1999 a 2002 e deputado entre 2005 e 2009 altura em que aceita ser candidato em Gaia contra Menezes onde perde com apenas 25% contra 63% do seu opositor.
Mas para chegar ao lugar de candidato tirsense Couto perdeu as eleições concelhias, foi nomeado por José Luis Carneiro coordenador autárquico do distrito do Porto e depois então convoca umas diretas que acaba por ganhar. Foi suado, mas estava concretizado o sonho de Joaquim Couto em voltar a um lugar onde foi feliz e lhe permitiu ganhar influência.
Agora chegamos ao período eleitoral, em que a capacidade de fazer cacique deixa de ser fundamental para dar primazia à capacidade de empatia com a população.
Vai daí toca a fazer um cartaz com uma anciã e um jovem. E pega lá que vai uma montagem. Não é caso único. As agências de vendas de fotografias devem estar a esfregar as mãos de contente. A não ser claro no caso de um candidato que usou umas fotografias livres de direitos…
Mas olhemos um pouco mais para o cartaz. Digo um pouco pois o cartaz não nos prende muito a atenção.
Já falamos da fotografia, que até apresenta um trio sorridente, por isso passemos rapidamente para o slogan. “A Força de Todos”. Quem? O Couto? A anciã ou o pequeno “pagem”? O slogan aparece solto de qualquer tipo de enquadramento de mensagem. O cartaz até tinha espaço e aguentava bem uma coisa do género “A força de todos os tirsenses”. Quanto a mim ficava mais enquadrado e ganhava mais empatia com o eleitorado que Couto quer conquistar. E teria deixado de lado a avó e o neto.
A letra usada não sendo mau de todo não é envolvente, nem moderna, nem chamativa. Ok, tem que ser um fica esta, deve ter sido o que pensou quem o idealizou. E é estranho, sendo Couto um homem da comunicação e um conhecedor de campanhas políticas. Mas em casa de ferreiro espeto de pau, já diz o ditado.
As cores são as normais: azul e vermelho. Não há ondas, graças a deus, não há degradés, que também não se perde nada, e como tal está limpinho, limpinho. Mas fraquinho.
Em resumo, o cartaz não tem nenhum rasgo. Parece ter sido feito para cumprir calendário. Mas Santo Tirso é uma daquelas câmaras que o PS não quer perder e Joaquim Couto arrisca aqui o seu peso político. É que uma coisa é ir cumprir calendário a Gaia contra o Menezes. Outra coisa é perder na sua terra.
Candidatos jovens – imagens dinâmicas?
Pedro Coelho dos Santos é um profissional da área da comunicação. Não é um mero elogio. É mesmo a realidade: Ele trabalha na área da comunicação. E isso reflecte-se na campanha que está a fazer enquanto candidato à presidência da câmara municipal de Sobral de Monte Agraço.
Pedro Coelho dos Santos é um candidato jovem. E isso também se reflecte na campanha. As várias peças que recebemos dão para entender a abordagem nova, fresca, mas planeada e cuidada que o PS apresenta para este município.
Destas peças, basta olhar para o cartaz (que sabemos peça única e especialmente colocado na melhor entrada para Sobral) para se perceber que esta é uma campanha com vontade de marcar a diferença.
Ver este outdoor dá vontade de adulterar a letra da canção do Gilberto Gil e cantar qualquer coisa como:
«Alô, alô, Eleitores
Aquele “Agraço!”»
(Sim, é foleiro. Mas também não estou a criar campanhas…)
O candidato aparece numa foto que transmite uma enorme empatia e simpatia, acolhendo quem chega ao concelho de braços abertos, deixando a mão direita a apontar para Sobral. A imagem é forte e as cores escolhidas podem não agradar a todos mas certo é que ninguém passa sem ver o cartaz.
E depois há a assinatura de campanha: “Consigo pelo Sobral”. Envolve. Reforça a empatia. Mas ao mesmo tempo respeita as gerações que se tratam por você. É uma boa assinatura que permite derivações para projectos concretos que se apresentem durante a campanha.
Não vai ser uma tarefa fácil. O PS foi, em 2009, a terceira força política do concelho, com 17,61% dos votos (atrás do PSD – 23,95% e da CDU – 54,33%). Mas a avaliar pela dinâmica da comunicação, acredito que o PS possa subir (quem sabe se muito) a sua votação neste município.
Joaquim Biancard Cruz também é um candidato jovem. Mas apenas na idade. É que, convenhamos, isso não se reflecte minimamente na sua campanha para a câmara municipal de Sobral de Monte Agraço (uma candidatura do PSD só se sabe porque sim, já que identificação é zero).
“Sobral avança” é mais uma daquelas frases feitas eleitorais que nada diz. Aliás, faz lembrar aquela história do “estava à beira do abismo” e agora “avança”…
E depois há o grafismo. A utilização das “ondas” era moda em 2002. Aguentou-se até 2004. Mas em 2013? O objectivo é dar dinamismo à imagem? Pois, desculpem lá (sobretudo o designer responsável) mas a única coisa que faz é datar o cartaz e nem sequer é de forma vintage ou nostálgica (como está na moda). Dá mesmo ar de velho, contrapondo com a juventude do candidato. Nesse aspecto a imagem é coadjuvada pela foto do candidato. Jovem mas que se deixa fotografar daquela forma…
Respondendo à questão do subtítulo (candidatos jovens – imagens dinâmicas?): Sim e não. Como se pode ver em Sobral de Monte Agraço.
No México também estão em eleições locais. Diz que por lá a falta de confiança nos partidos ainda é superior ao que por cá se vai dizendo. Se em 2009 tivemos por cá o Candidato Maizena, em 2013 no México surgiu o El Candigato Morris. Entre imagens do próprio candidato e outras feitas por apoiantes, encontram-se excelentes imagens de campanha. É ir primeiro aqui e depois visitar o site.
Obrigado à Alda Telles pela dica.
Ser ou não ser em Cascais
“Todos” e o verbo “ser” parecem o grande claim para as autárquicas em Cascais. Se os independentes dizem “SerCascais” e “TodosPorCascais” (limito-me a reproduzir graficamente o que está nos outdoors – o erro não é meu), a coligação PSD-CDS opta pelo “Todos somos Cascais”, conjugando num único cartaz o que os outros dizem em dois. Quem anda a plagiar quem (como dizia alguém, “o plágio é uma forma implícita de admiração”) não sei, nem acho que seja o mais relevante. Mas que há coincidências engraçadas, lá isso há.
Passemos ao individual e ao colectivo (a diferenciação das campanhas):
SerCascais parece ser (passe a redundância verbal) um movimento independente e colectivo sem partidos, constituído por uma pessoa. Perdão, liderado por uma pessoa (que, engraçado, já foi eleita como vereadora apoiada pelo CDS). É natural a confusão: É que em todos os materiais de comunicação exteriores a personalização é tanta que fica a dúvida. O outdoor é um exemplo: A foto e o nome em grande destaque, Ser Cascais e Movimento Independente mais reduzidos, num azul esbatido que só dificulta a leitura do lettering a branco (por ironia o do nome que está em maior destaque). Em relação à foto, se chamarmos à conversa a frase “os olhos são as janelas para a alma”, percebemos que as janelas estão só entreabertas.
(Nota que é mais forte que eu, desculpem os leitores do Imagens de Campanha – A personalização excessiva leva a erros de produção como o deste Smart de campanha.)
Em relação ao movimento “Todos por Cascais” o cartaz é bem mais feliz que o da campanha anterior. O cabeça de lista à frente de uma equipa demonstra mais o colectivo que se pressupõe ser um movimento independente (apesar de o seu cabeça de lista ter sido vereador eleito pela coligação PSD-CDS, não abdicado dos pelouros que tutela, e de ter feito parte do outro movimento independente até ter decidido lançar o seu “próprio” movimento independente). E mostra concordância com o “Todos”. A foto poderia estar melhor conseguida, sobretudo na equipa, mas não envergonha. Graficamente é simples, a duas cores, e dá destaque à equipa (não escondendo o cabeça de lista) e ao mote “Todos por Cascais” e ao endereço web.
A coligação PSD-CDS optou por também lançar um movimento – “Viva Cascais” e a aparecer nos cartazes como um colectivo concelhio. Considerando a história recente do município e o reconhecimento que os últimos dois presidentes tinham (Judas e Capucho), confesso que tenho algumas dúvidas da eficácia de uma imagem que não dê destaque ao candidato à presidência da câmara. Uma fase de pré-campanha autárquica serve para afirmar a notoriedade do candidato à câmara municipal e, na minha opinião, Carlos Carreiras precisava de afirmar-se ainda mais, o que não é feito com este cartaz. Tirando esse “pormaior” é um outdoor bem conseguido. Um azul forte permite a leitura dos restantes elementos gráficos e o “todos” composto por fotos individuais (não sendo totalmente original é uma variação gráfica interessante) transmite a força de conjunto (e já vi pessoas em frente aos outdoors a tentarem identificarem quem lá está, o que é sempre engraçado). Vamos ver se a evolução da campanha permite manter uma coerência de imagem e mensagem mas com maior destaque para o candidato à presidência da câmara.
Já em relação à campanha do PS, acho que está bem conseguido. Graficamente simples, com o vermelho em destaque para marcar posição face ao eleitorado natural do Partido Socialista, destaca o candidato – personalidade conhecida no concelho (e nacionalmente devido ao seu papel na Associação Nacional de Farmácias), com uma foto que transmite acima de tudo o conceito do cartaz, não esconde o partido que representa e dá ênfase ao conceito da campanha: “O líder que falta a Cascais”. Não apresenta propostas de rumos, nem de projectos, nem conceitos vagos. Responde ao que escrevi no parágrafo acima – reafirma o retomar de uma liderança forte e reconhecida. É argumento para ganhar eleições? Muitas vezes é.
Resumindo – nestas eleições a Cascais teremos o “colectivo” versus o “individual”. Os resultados mostrarão o que é que os cascalenses preferem.